quinta-feira, 29 de abril de 2010


1. “Eu sou Cleomar Teixeira Abreu, estudante do Curso Básico de Teologia da ESTEF. Este ano vou fazer o estágio pastoral no Centro Social Mãe da Esperança com crianças de 07 a 12 anos.
O projeto está localizado na Vila Esperança em Santa Isabel. O objetivo do trabalho será construir uma cultura de paz através da vivência de valores humanos e evangélicos... Estou muito disposta e entusiasmada para fazer essa experiência”.

2. “Sou Maria Raimunda Mar, faço o Curso Básico de Teologia na ESTEF e estou no 2º ano. Este ano, irei realizar o meu estágio pastoral. Atuarei na Pastoral da Criança na comunidade Nossa Senhora Aparecida localizada na área Partenon.
O meu desejo para este estágio é conseguir realizá-lo bem... Deixar marcas de esperança nas pessoas para que elas possam tecer fios de ternura e resistência em defesa da vida.”

3. “Sou Michele Ludtke da Costa, vou realizar meu estágio pastoral na Paróquia São Judas Tadeu no bairro Partenon com um grupo de crianças e adolescentes que estão se preparando para a primeira Eucaristia. Quero ajudar esse grupo a ter uma maior integração de fé e vida e ajudá-los, junto com suas famílias, uma maior participação na comunidade”.

4. “Eu, Géssica Rosa de Oliveira, estudante do CBT, na ESTEF, realizarei meu estágio pastoral na Comunidade Santa Cruz da Paróquia São José de Murialdo.Farei um trabalho especificamente com a juventude, com o objetivo não só de formar um grupo atuante e participativo, mas também, na expectativa de responder aos questionamentos que surgirem ao longo da convivência nesta comunidade. Por exemplo: Por que os jovens não participam da vida da Igreja? Por que se afastam? Sinto-me desafiada a fazer esse processo de descoberta e compreensão da realidade dos jovens desta comunidade. “Juventude: tecendo sonhos, construindo liberdade.”

5. “Eu sou Aline Catarina do A. Gambrini, irei realizar meu estágio pastoral na Paróquia São Judas Tadeu, no bairro Partenon, com uma turma de crianças que irão se preparar para a 1ª. Eucaristia. Com esta turma, procurarei aprofundar a Palavra de Deus de modo criativo e dinâmico de acordo com a realidade presente, suscitando também a presença da família no processo catequético e na comunidade.”

6. “Sou Odiléia do Nascimento Oliveira, estudante do Curso Básico de Teologia na ESTEF. Realizarei meu estágio pastoral com crianças que participam num Projeto Social na Vila Esperança em Viamão. O tema do meu projeto será: construir uma cultura de paz. Tenho como objetivo, despertar nas crianças, cuidando de si, dos outros e no meio-ambiente, na perspectiva de que cada um seja sujeito da sua própria transformação, crescimento e do meio em que vive.”

7. “ Eu sou Camila Cristina Camargo, postulante das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus, estudante da ESTEF. Vou fazer o meu estágio pastoral na Vila Esperança – Esteio com os jovens que estão se preparando para Crisma e espero ajudá-los a participar plenamente na vida da comunidade.”

segunda-feira, 26 de abril de 2010

SEXO DE BATINA - SADE E FOUCAULT

Sade de batina?

"Por que Sade e Foucault não poderiam fazer sexo revolucionário de batina?", pergunta Luiz Felipe Pondé, professor da PUC-SP, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 26-04-2010.


Eis o artigo.

Pedofila está na moda. Os "odiadores" da Igreja Católica estão em êxtase. Sempre digo que o único preconceito considerado "científico" nos jantares inteligentes é o preconceito contra a Igreja Católica.

Em jantares assim, você conta como seu pastor alemão é gostoso, como você despreza o conservadorismo dos heterossexuais, como sua alimentação é balanceada e..., é claro, como despreza a Igreja Católica, que, segundo você, é responsável pelo mercado negro de escravos sexuais (não de "escravas", é claro!), de armas e de órgãos. Reconhece-se um "odiador" da igreja pela baba que escorre pelo canto da boca cada vez que tem a chance de cuspir nela.

Nem adianta me acusar de católico reacionário porque nem católico sou. Lamento desmantelar a visão de mundo dos superficiais. Sou defensor de Bento XVI? Sim, porque ele é um grande intelectual que faz diagnósticos corajosos sobre alguns males modernos. E também por outro motivo (este é segredo!): porque todo mundo parece concordar que ele não é legal.

O historiador judeu Johan Huizinga, no seu excelente "The Waning of the Middles Ages" (outono da Idade Média), narra de forma impressionante os processos de condenação e execução de hereges no final da Idade Média. Tais eventos eram um "programa de domingo" para o povo, como sempre, ansioso por manifestar seu ódio por alguém que não pode se defender. Levavam suas crianças e juntos faziam piquenique e cuspiam nos hereges.

É claro que muita gente acha chique ter sido queimada na Idade Média. Aliás, o número de gente que faz "regressão de vidas passadas" e descobre que foi queimada na Idade Média faz da Inquisição a instituição mais produtiva da história.

Segundo Huizinga, o povo cuspia nos hereges, xingava os hereges, jogava tomate neles e tinha absoluta certeza de que eles faziam sexo com o demônio e com as criancinhas.

Mas o que essa gente chique-cabeça não sabe é que o herege era uma figura mais próxima da imagem que temos hoje desses padres tarados do que figuras por quem sentiríamos alguma misericórdia. Vejam: quando se trata de ódio de massa, pouco importa quem é inocente ou não, contanto que possamos cuspir na cara do acusado. Num caso como esse, basta a suspeita e o acusado já é culpado.

Quando leio as manifestações iradas dessa gente em êxtase porque existem padres que gostam de transar com meninos, sempre imagino como essa gente gostaria de poder gritar em praça pública: "Joga pedra na Geni!". Sempre suspeito que o que move a "indignação pública" é mais a chance de odiar (no caso, os padres tarados) do que de amar (no caso, a justiça) porque ninguém ama tão rápido assim, mas odeia na velocidade da luz. Acho inclusive que, no fundo, rezam (ironia...) para que o número de vítimas dos padres tarados aumente a cada dia. Dessa forma seu preconceito "científico" contra a Igreja Católica estará supostamente comprovado.

Sem dúvida é hora de a Igreja Católica cuidar disso. E ela o fará, porque se trata de uma grande instituição com uma história enorme de prestação de serviço à humanidade, apesar de seus erros evidentes -afinal, é humana como todos nós. Sabemos que, hoje em dia, muita gente entra na igreja sem uma seleção cuidadosa, inclusive porque ser padre ou freira hoje não é "um bom negócio" como já foi no passado.

O problema de como lidar com a pedofilia na Igreja Católica é mais um exemplo na longa lista de dificuldades que a igreja (uma instituição antiga e medieval) tem com o Estado laico moderno.

O regime moral de penitência e busca de arrependimento que organiza a relação entre crime e castigo na Igreja Católica é nulo para a justiça do Estado moderno, que é cego à lógica do arrependimento.

Por isso, a necessidade de que esses padres sejam trazidos ao tribunal do Estado, como criminosos. Claro que a possibilidade de ganhar grana pode ajudar no acúmulo das denúncias. Tudo tem seu preço, ao contrário do que os hipócritas gostam de afirmar nos púlpitos. Mas, confesso, fico com uma curiosidade. O que diriam os apaixonados leitores de Sade ou Foucault sobre esses pedófilos (padres ou não, apesar de ser mais "gostoso" xingar os padres)? Seria a pedofilia uma forma de transgressão legítima contra as normas de opressão social sobre os corpos? Humm... Por que se calam nessa hora? Por que Sade e Foucault não poderiam fazer sexo revolucionário de batina?

terça-feira, 20 de abril de 2010

Carta aberta aos bispos católicos de todo o mundo


Carta aberta aos bispos católicos de todo o mundoHans Küng *
Fonte: La Repúbblica (diário italiano), 15 abril 2010].
Tradução: ADITAL

Nos anos 1962-1965 Joseph Ratzinger -hoje Bento XVI- e eu éramos os dois mais novos teólogos do Concílio. Hoje, somos os mais anciãos e os únicos em plena atividade. Sempre entendi meu compromisso teológico como um serviço à Igreja. Por isso, movido pela preocupação com a crise de confiança que atinge essa nossa Igreja, a mais profunda que recordamos desde os tempos da Reforma, dirijo-me a vós com uma carta aberta, na comemoração do quinto aniversário do pontificado de Bento XVI. De fato, esse é o único meio de que disponho para entrar em contato com vocês.
Apreciei muito o convite do papa Bento, que, no início de seu pontificado, me concedeu uma conversa de quatro horas -apesar da minha posição crítica ao seu respeito- que se desenvolveu bem amigavelmente. Tive a esperança de que Joseph Ratzinger, meu colega na universidade de Tübingen, teria encontrado o caminho rumo a uma ulterior renovação da Igreja e um entendimento ecumênico, no espírito do Concílio Vaticano II. Infelizmente, minhas esperanças, bem como as de tantas/os crentes que vivem com compromisso a fé católica, não se realizaram. Tive a oportunidade de comunicar-lhe isso mais de uma vez através das correspondências que lhe enviei.
Sem dúvida, ele nunca deixou de cumprir com consciência os compromissos cotidianos do papado, e nos presenteou com três encíclicas sobre a fé, a esperança e a caridade. Porém, frente ao maior desafio de nosso tempo, a cada dia mais, seu pontificado apresenta-se como uma ocasião perdida, por não ter sabido captar uma serie de oportunidades:
- Faltou a reaproximação com as Igrejas evangélicas, sequer consideradas Igrejas no sentido próprio do termo: daí a impossibilidade de um reconhecimento de suas autoridades e da comum celebração da Eucaristia.
- Faltou a continuidade do diálogo com os judeus: o papa reintroduziu o uso pré-conciliar da oração para a iluminação dos judeus; acolheu na Igreja alguns bispos notoriamente cismáticos e antissemitas; sustenta a beatificação de Pio XII; e leva a sério o judaísmo enquanto raiz histórica do cristianismo; não como comunidade de fé que hoje também busca seu caminho de salvação. No mundo inteiro os judeus expressaram indignação pelas palavras do Pregador da Casa Pontifícia que, na liturgia da Sexta-Feira Santa, comparou as críticas dirigidas ao papa com as perseguições antissemitas.
- Com os muçulmanos faltou levar adiante um diálogo pautado na confiança. Sintomático nesse sentido é o discurso pronunciado pelo papa em Regensburg: mal aconselhado, Bento XVI apresentou o Islã com uma imagem caricatural, descrevendo-o como uma religião desumana e violenta e alimentando assim a desconfiança entre os muçulmanos.
- Faltou a reconciliação com os povos autóctones da América Latina: com toda seriedade, o papa afirmou que aqueles povos colonizados "desejassem" a acolher a religião dos conquistadores europeus.
- Desperdiçou-se a oportunidade de vir em socorro das populações da África na luta contra a superpopulação e contra o HIV, dando o aval à contracepção e ao uso de preservativos.
- Perdeu-se a oportunidade de se reconciliar com a ciência moderna, reconhecendo sem ambiguidade a teoria da evolução e aderindo sempre com as devidas diferenciações às novas perspectivas das pesquisas, por exemplo, sobre as células-tronco.
- Faltou, enfim, assumir, no interior mesmo do Vaticano, o espírito do Concílio Vaticano II como bússola da Igreja católica, levando adiante as reformas.
Este último ponto, queridíssimos bispos, tem um valor crucial. Este papa nunca parou de relativizar os textos do Concílio, interpretando-os em sentido regressivo e contrário ao espírito dos Padres Conciliares; chegando até a se contrapor expressamente ao Concílio Ecumênico que representa, com base no direito canônico, a autoridade suprema da Igreja católica:
- Readmitiu, incondicionalmente, na Igreja Católica os bispos tradicionalistas da Fraternidade de Pio X, ordenados ilegalmente fora da Igreja Católica que recusaram o Concílio em alguns pontos essenciais;
- Promoveu através de todos os meios a missa medieval tridentina e, ocasionalmente, celebra ele mesmo a Eucaristia em latim virando as costas aos fiéis;
- Não concretiza o entendimento com a Igreja Anglicana previsto nos documentos ecumênicos oficiais (ARCIC); ao contrário, procura puxar os padres anglicanos casados para a Igreja Católica romana, renunciando à obrigação do celibato;
- Potencializou, em âmbito mundial, as forças anticonciliares no interior da Igreja através da nomeação de altos cargos anticonciliares (por ex.: Secretaria de Estado, Congregação para a Liturgia) e de bispos reacionários.
O papa Bento XVI parece afastar-se sempre mais da grande maioria do povo da Igreja que já, por si, é levado a desinteressar-se do que acontece em Roma e, no melhor dos casos, se identifica com sua paróquia e com o bispo local.
Sei que muitos de vocês sofrem com esta situação: a política anticonciliar do papa tem todo o apoio da Cúria Romana, que procura sufocar as críticas entre os bispos e no seio da Igreja e busca, por todos os meios, desacreditar aos dissidentes. Em Roma, faz-se o esforço para dar crédito, com renovadas exibições de luxo barroco e manifestações de grande impacto midiático, a uma imagem de Igreja forte, com um "vigário de Cristo" absolutista, que reúne em suas mãos os poderes legislativo, executivo e judiciário. Mas a política de restauração de Bento XVI faliu. Suas aparições públicas, suas viagens, seus documentos, não serviram a influenciar no sentido da doutrina romana as idéias da maioria dos católicos sobre várias questões controvertidas e, em particular, sobre a moral sexual. Nem seus encontros com os jovens, pertencentes em grande parte a grupos carismáticos de orientação conservadora, puderam frear a fugas da Igreja, ou incrementar as vocações ao sacerdócio.
Em sua qualidade de bispos, certamente, vocês são os primeiros a perceber dolorosamente a renúncia de dezenas de milhares de sacerdotes que, desde o Concilio até hoje, se demitiram de seus cargos, sobretudo, devido à lei do celibato. O problema das novas vocações atinge não só os padres, mas também as congregações religiosas, as freiras, os leigos consagrados. A resignação e a frustração se difundem no meio do clero e, sobretudo, entre seus expoentes mais ativos; muitos sentem-se abandonados em suas necessidades e sofrem por causa da Igreja. Em muitas de suas dioceses vê-se claramente um maior número de igrejas desertas, de seminários e de presbitérios vazios. Em muitos países, com o pretexto da reforma eclesiástica, se decide por juntar muitas paróquias, muitas vezes contra sua vontade, para construir gigantescas ‘unidades pastorais’ confiadas a um pequeno número de padres sobrecarregados pelo trabalho excessivo.
E, por fim, aos muitos sinais da crise em andamento, junta-se o espantoso escândalo dos abusos cometidos por membros do clero contra milhares de adolescentes -nos Estados Unidos, na Irlanda, na Alemanha e em outros lugares-, acompanhado por uma falta de liderança, uma crise sem precedentes. Não se pode silenciar sobre o fato de que o sistema mundial de ocultamento dos abusos sexuais do clero respondesse às disposições da Congregação Romana para a Doutrina da Fé (pela qual era responsável, entre 1981 e 2005, o cardeal Ratzinger), que, no mais rigoroso silêncio, desde o pontificado de João Paulo II, reunia a documentação sobre estes casos. Em 18 de maio de 2001, Joseph Ratzinger divulgou para todos os bispos uma carta de tom solene sobre os delitos mais graves ("Epistula de delictis gravioribus" - Carta sobre os delitos mais graves), impondo ao caso de abuso o "segredo pontifício", cuja violação é castigada pela Igreja com severas sanções. É com razão, portanto, que muitos exigiram um pessoal ‘mea culpa’ ao prefeito de outrora, hoje papa Bento XVI. Este, porém, não acolheu a boa oportunidade da Semana Santa; ao contrário, fez declarar "urbi et orbi" (à cidade -Roma- e ao mundo), no domingo de Páscoa, sua inocência através do cardeal decano.
Para a Igreja Católica, as consequências de todos os escândalos divulgados são devastadores, como confirmaram alguns de seus maiores expoentes. A suspeita generalizada já golpeia indiscriminadamente inúmeros educadores e pastores de grande compromisso e de conduta irrepreensível. É vossa tarefa, estimadíssimos bispos, perguntar-se qual será o futuro de vossas dioceses e o da nossa Igreja.
Não é minha intenção vos propor um programa de reformas. Já fiz isso mais de uma vez, quer antes, quer depois do Concílio. Aqui quero limitar-me a apresentar-lhes seis propostas, as quais, estou convencido, são partilhadas por milhões de católicos que não têm voz.
1. Não calem. O silêncio frente a tantos gravíssimos abusos vos torna responsáveis. Ao contrário, toda vez que pensam que determinadas leis, disposições ou decisões vão ter efeitos contraproducentes, deveriam declará-lo publicamente. Não escrevam cartas a Roma para fazer ato de submissão e devoção, mas para exigir reformas.
2. Tomem as rédeas para iniciativas reformadoras. Muitos, na Igreja e no episcopado, se queixam de Roma; nunca, porém, tomam a iniciativa. Mas, se hoje nesta ou naquela diocese ou comunidade os paroquianos param de frequentar a missa; se a atividade pastoral não dá resultados; se falta abertura para os problemas e os males do mundo; se a cooperação ecumênica está reduzida ao mínimo, não se pode descarregar todas as culpas sobre Roma. Todos, desde o bispo até ao padre e o/a leigo/a, devem comprometer-se com a renovação da Igreja em seu ambiente de vida pequeno ou grande que seja. Muitas coisas extraordinárias nasceram nas comunidades e, em geral, no seio da Igreja, em nível pessoal ou de pequenos grupos. É vossa tarefa na qualidade de bispos, promover e sustentar tais iniciativas, assim como responder, sobretudo nesse momento, às justificadas queixas dos fiéis.
3. Agir colegiadamente. O Concílio decretou, após forte debate e contra a tenaz oposição curial, a colegialidade dos papas e dos bispos em analogia à história dos apóstolos: o mesmo Pedro não agia fora do colégio dos apóstolos. Mas no período pós-conciliar o papa e a cúria ignoraram esta fundamental decisão conciliar. Desde que, somente dois anos depois de Concílio e sem nenhuma consulta ao episcopado, Paulo VI promulgou uma encíclica em defesa da controvertida lei do celibato, a política e o magistério pontifício voltaram a funcionar segundo o velho estilo não colegiado. Na mesma liturgia o papa se apresenta como um autocrata, diante do qual os bispos, dos quais ele gosta de se rodear, são meros comparsas sem voz ou voto. Portanto, amadíssimos bispos, não podem agir só individualmente, mas comunitariamente com outros bispos, com padres, com as mulheres e os homens que formam o povo da Igreja.
4. A obediência absoluta se deve somente a Deus. Vocês todos, no momento da solene consagração à dignidade episcopal, juraram obediência incondicional ao papa. Todavia também sabem que a obediência absoluta deve-se não tanto ao papa, mas somente a Deus. Por isso, não devem ver aquele juramento como um obstáculo que os impeça de dizer a verdade sobre a atual crise da Igreja, da vossa diocese e do vosso país. Sigam o exemplo do apóstolo Paulo que se opôs a Pedro "abertamente, porque ele se tornara digno de censura" (Gal. 2,11). Pode ser legítimo fazer pressão sobre as autoridades romanas, em espírito de fraternidade cristã, quando elas não aderem ao espírito do Evangelho e de sua missão. Numerosas conquistas -como o uso das línguas nacionais na liturgia, as novas disposições sobre os casamentos mistos, a afirmação da tolerância, da democracia, dos direitos humanos, do entendimento ecumênico e de muitas outras coisas-, foram alcançadas graças a uma tenaz pressão de baixo.
5. Procurar soluções regionais: o Vaticano mostra-se, muitas vezes, surdo a justificadas exigências dos bispos, dos padres e dos leigos/as. Uma razão a mais para caminhar para soluções regionais. Como bem sabem, um problema particularmente delicado é constituído pela lei do celibato, uma norma de origem medieval que, com razão, é agora colocada em discussão em todo o mundo precisamente no contexto do escândalo suscitado pelos abusos sexuais. Uma mudança em contraposição a Roma parece praticamente impossível; mas, não é por isso que estão condenados à passividade. Um padre que depois de serias reflexões tenha amadurecido a decisão de casar não deveria ser obrigado a se demitir automaticamente de seu cargo, se pudesse contar com o apoio de seu bispo e da comunidade. Uma conferência episcopal sozinha poderia abrir a estrada a caminho de uma solução regional. Melhor seria, porém, visar uma solução global para a Igreja no seu conjunto. Por isso,
6. peça-se a convocação de um Concílio: se para chegar à reforma litúrgica, à liberdade religiosa, ao ecumenismo e ao diálogo interreligioso foi necessário um Concílio, o mesmo vale hoje frente aos problemas que se apresentam em termos tão dramáticos. Um século antes da Reforma, o Concílio de Constança tinha decidido a convocação de um Concílio a cada cinco anos, decisão que, porém, não foi atendida pela Cúria Romana, que, sem dúvidas, também hoje fará tudo que puder para evitar um concílio do qual pode temer uma limitação de seus poderes. É responsabilidade de todos vocês conseguir que se aprove a proposta de realização de um Concílio, ou pelo menos de uma assembléia episcopal representativa.
Frente a uma Igreja em crise, este é o apelo que dirijo a vocês, estimadíssimos bispos: vos convido a colocar na balança o peso de vossa autoridade episcopal, revalorizada pelo Concílio. Na difícil situação que estamos vivendo, os olhos do mundo estão dirigidos para vós. Inúmeros são os católicos que perderam a confiança em sua Igreja; e o único jeito para contribuir para restaurá-la é o de enfrentar honestamente e abertamente os problemas, para adotar as reformas necessárias. Peço-lhes, respeitosamente, que façam o que lhes corresponde; quando possível, em colaboração com outros bispos; mas, se necessário, também sozinhos, com apostólica ‘coragem’ (At 4,29.31). Deem um sinal de esperança aos vossos fiéis; deem uma perspectiva à nossa Igreja.
Saúdo-vos na comunhão da fé cristã.
*Catedrático emérito de Teología Ecuménica en la Universidad de Tubinga (Alemania) y presidente de Global Ethic

quarta-feira, 14 de abril de 2010



Inocentes e culpados Marta Medeiros, Zero Hora 14/04/10

Saudade da infância. A gente fazia molecagens e depois bastava confessar e rezar três ave-marias para ficar quite com Deus. Quando criança, meus pecados eram matar aula ou brigar com meu irmão, e eu imaginava que se meus pecados começassem a se tornar mais radicais, o pior que poderia me acontecer era ter a pena elevada de três para 18 ave-marias. Dava pra suportar. E assim a Igreja ia me educando para a impunidade, bem diferente do que faziam meus pais: quando eu errava, eles me deixavam sem tevê, sem brincar na rua e sem refri. Isso, sim, era um castigo medonho, mas que visava à reabilitação.

Hoje leio que a Igreja, desastradamente, anda associando pedofilia a homossexualidade, e que um dos castigos propostos é fazer com que o clérigo pecador isole-se e passe a vida entre preces. Quantas ave-marias pra ele?

Abusar de crianças é um escândalo em qualquer circunstância, não importa o motivo do crime e quem o cometeu. Todos os perversos possuem suas razões: ou também foram abusados quando meninos, ou foram abandonados pela família, ou são cruéis por natureza, ou não receberam nenhum princípio moral ou ético, ou passaram por privações, ou são doidos de pedra. O que induz à ação criminosa não é a inclinação sexual do sujeito, mas sua ausência de civilidade.

O Vaticano tem se preocupado em explicar a quantidade incômoda de padres pedófilos denunciados, mas, antes de tentar explicar, deveria julgar e, comprovado o crime, condenar. Punir. Prender. O fato de serem representantes de Deus não pode servir como atenuante, ao contrário. Está-se diante da hipocrisia sacramentada, do “vinde a mim as criancinhas” sem levar em conta nenhum dos preceitos que regem (ou deveriam reger) a religião, qualquer religião.

Enquanto houver condescendência, não haverá paz. A redução da violência passa pela punição imediata. Falamos muito em investir em educação e esse é o principal caminho, lógico, mas é uma solução a longo prazo. Para corrigir o agora, tem que se dar o exemplo agora. Vale para o casal Nardoni, vale para o estuprador assassino de Luziânia, vale para o fazendeiro que matou a missionária Dorothy Stang, vale para os mandantes e executores de Eliseu Santos e vale para todos os que escapam da lei porque não há policiais suficientes, nem servidores, nem dinheiro, nem equipamentos, nem espaço nas cadeias e, principalmente, por não termos a cultura do Tolerância Zero. Tolera-se quase tudo e, o que não se tolera, esquece-se com o tempo.

Aquelas três ave-marias que me mandavam rezar por ter matado aula ou brigado com meu irmão eram inúteis. Não havia crime, não havia pecado: havia inocência. Não sei o que os adultos hoje dizem no escuro dos confessionários, o que os padres escutam por trás das treliças, só sei que Deus, em sua infinita bondade, perdoa fácil qualquer delito, seja o de uma criança que disse um palavrão até o de um adulto que admite um estelionato, basta ajoelhar, rezar e declarar-se arrependido. Não por acaso, Arruda saiu da prisão anteontem recepcionado por orações, abençoado seja. Mas, sinceramente, troco a redenção divina pela Justiça terrena, que está fazendo mais falta.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Assessoria ao SPE das Escolas Gianellinas


Estiveram reunid@s no Colégio Nossa Senhora do Horto em Dom Pedrito, @s representantes do Setor de Pastoral Escolar e Supervisão Pedagógica das cinco escolas gianellinas do Rio Grande do Sul a fim de refletirem sobre missão evangelizadora nas comunidades educativas através do carisma de Santo Antônio Gianelli. A Ir. Raquel Pena Pinto, coordenadora e assessora do encontro, fez memória da caminhada através da “Carta de Porto Alegre” (julho de 2003), e a partir daí, @s educador@s apontaram pistas de ação para qualificar a missão educativa através da animação pastoral.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ressuscitar é obra de cada dia... Feliz Páscoa!


"Orar com mais fé e amor - é ressuscitar!
Perdoar sempre de novo – é ressuscitar!
Dar um auxílio com amor - é ressuscitar!
Corrigir um vício – é ressuscitar!
Aderir mais à Palavra de Deus – é ressuscitar!
Iniciar uma nova manhã, com vontade de sorrir – é ressuscitar!
Compreender os erros alheios – é ressuscitar!
Fazer uma criança sorrir de felicidade– é ressuscitar!
Ser firme e discordar de tudo que propõe o mal – é ressuscitar!
Defender os injustiçados – é ressuscitar!
Repartir o Pão da Palavra de Deus e a água da cultura – é ressuscitar!
Repartir a nossa roupa com que não tem – é ressuscitar!
Saber pedir perdão quando se ofende a alguém – é ressuscitar!
Ter Cristo sempre presente – é ressuscitar!
Respeitar os direitos alheios – é ressuscitar!
Censurar com amor os que erram – é ressuscitar!
Vencer todo o mal – é ressuscitar!
Dar a vida por uma terra sem males – é ressuscitar!
Cada obra feita com amor, a Deus e ao próximo, é uma pedra preciosa
na construção de uma terra sem males,
sinal da RESSURREIÇÃO DEFINITIVA!"