domingo, 27 de novembro de 2011

Ricos têm renda 39 vezes maior que a dos mais pobres

Um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria de guardar tudo o que ganha durante três anos e três meses para chegar à renda mensal de um integrante do grupo mais rico. Embora as pesquisas apontem quedas sucessivas na desigualdade de renda no País, dados do Censo 2010 divulgados ontem pelo IBGE mostram que os 10% mais ricos têm renda média mensal 39 vezes maior do que os 10% mais pobres. Os dados valem para a população de 101,8 milhões de habitantes com 10 anos ou mais que têm algum tipo de rendimento.A reportagem é de Luciana Nunes Leal e Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17-11-2011.A renda média desses moradores é de R$ 1.202 mensais. Os 10% mais pobres recebem em média R$ 137,06. Os mais ricos, R$ 5.345,22. A parcela do 1% mais rico chega a R$ 16.560, 92 mensais, em média.Levando em conta os habitantes de todas as idades, o IBGE calculou a renda média mensal de R$ 668 mensais. Metade da população, no entanto, recebia até R$ 375 mensais, no período em que o salário mínimo era de R$ 510 (a data de referência do Censo é julho de 2010).A renda na população feminina é equivalente a 70% da média mensal masculina. Na população de 10 anos ou mais que tem algum tipo de renda, a média das mulheres é de R$ 983,36 mensais e dos homens, R$ 1.293,69.A distância entre as raças é ainda maior. Os negros têm renda mensal equivalente a 54% da média dos brancos. A população de origem asiática, classificada no Censo como amarela, é a que tem a renda média mais alta, de R$ 1.572,08 mensais.Entre os negros, a renda média mensal era, em 2010, de R$ 833,21 e a dos brancos chegava a R$ 1.535,94. A parcela dos 10% mais pobres entre os negros tem renda mensal de apenas R$ 120,05, mais de 57 vezes menor que os 10% mais ricos entre os brancos, que têm renda de R$ 6.919,46. Ou seja, o negro mais pobre teria de guardar toda a renda por quatro anos e nove meses para chegar a um mês de rendimento do branco. "Houve um movimento de redução da desigualdade nos últimos anos, mas daí a indicar um cenário mais róseo para o futuro há uma longa distância. Durante muito tempo se pensou que o mero desenvolvimento econômico faria a desigualdade desaparecer. Não aconteceu. Agora se pensa que as políticas como o Bolsa Família vão acabar com a desigualdade. Não vão. O que vai diminuir são políticas de promoção da igualdade racial, a ação afirmativa no acesso às universidades, ao mercado de trabalho", diz o pesquisador Marcelo Paixão, da UFRJ, estudioso das desigualdades raciais.ReduçãoAs pesquisas por amostras de domicílio vêm mostrando ano a ano a redução do índice de Gini, que mede a desigualdade. Os números mais recentes, no entanto, evidenciam a distância entre os Brasis: o mais rico, alfabetizado, com acesso a serviços básicos, concentrados em grandes centros urbanos e de maioria branca e o mais pobre, com baixa escolaridade, domicílios precários, especialmente na área rural e de população negra ou parda.Na população de 10 anos ou mais de idade com renda, o índice de Gini ficou em 0,526 (quando mais perto de zero, menor a concentração de renda e quanto mais próximo de um, maior a desigualdade). O Distrito Federal tem a maior desigualdade entre os Estados, com índice de 0,591.A renda média da população é de R$ 2.461 mensais. Os 50% mais pobres, porém, detêm apenas 12,3% do total de rendimentos. Os índices de analfabetismo são um dos indicadores com as diferenças mais gritantes entre ricos e pobres, apesar dos bons resultados da redução dos índices nacionais.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Reflexão do evangelho do último domingo do ano litúrgico de 2011.

O DECISIVO
José Antonio Pagola. Tradução: Antonio Manuel Álvarez Pérez

O relato não é propriamente uma parábola mas uma evocação do juízo final de todos os povos. Toda a situação concentra-se num diálogo longo entre o Juiz que não é outro que Jesus ressuscitado e dois grupos de pessoas: os que aliviaram o sofrimento dos mais necessitados e os que viveram negando-lhes a sua ajuda.
Ao longo dos séculos os cristãos viram neste diálogo fascinante "a melhor recapitulação do Evangelho", "o elogio absoluto do amor solidário" ou "a advertência mais grave a quem vive refugiado falsamente na religião". Vamos assinalar as afirmações básicas.
Todos os homens e mulheres sem exceção serão julgados pelo mesmo critério. O que dá um valor imperecível à vida não é a condição social, o talento pessoal ou o êxito conseguido ao longo dos anos. O decisivo é o amor prático e solidário aos necessitados de ajuda.
Este amor traduz-se em atos muito concretos. Por exemplo, «dar de comer», «dar de beber», «acolher o imigrante», «vestir o nu», «visitar os doentes ou os presos». O decisivo diante de Deus não são as ações religiosas, mas estes gestos humanos de ajuda aos necessitados. Podem brotar de uma pessoa crente ou do coração de um agnóstico que pensa nos que sofrem.
O grupo dos que ajudaram os necessitados que foram encontrando no seu caminho, não o fizeram por motivos religiosos. Não pensaram em Deus nem em Jesus Cristo. Simplesmente procuraram aliviar um pouco o sofrimento que há no mundo. Agora, convidados por Jesus, entram no reino de Deus como "benditos do Pai".
Por que é tão decisivo ajudar os necessitados e tão condenável negar-lhes ajuda? Porque, segundo revela o Juiz, o que se faz ou o que se deixa de fazer a eles, está-se a fazer ou a deixar de fazer a Deus encarnado em Cristo. Quando abandonamos um necessitado, estamos a abandonar a Deus. Quando aliviamos o seu sofrimento, estamos a faze-lo com Deus.
Esta surpreendente mensagem coloca a nós todos olhando para os que sofrem. Não há religião verdadeira, não há política progressista, não há proclamação responsável dos direitos humanos se não é defendendo aos mais necessitados, aliviando o seu sofrimento e restaurando a sua dignidade.
Em cada pessoa que sofre Jesus sai ao nosso encontro, olha-nos, interroga-nos e suplica-nos. Nada nos aproxima mais Dele que aprender a olhar demoradamente o rosto dos que sofrem, com compaixão. Em nenhum lugar poderemos reconhecer com mais verdade o rosto de Jesus.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PRECISAMOS TER AMANTES. Jorge Bucay - Psicólogo

Psicodramatista, escritor argentino e Gestalt-terapeuta nascido em Buenos Aires em 1949 em uma família modesta no bairro da Floresta, ele se formou como médico em 1973 na Universidade de Buenos Aires, especializado em doenças mentais no serviço de ligação do hospital Pirovano, de Buenos Aires e da clínica Santa Mônica. É psicoterapeuta de casais e adultos e atualmente, seu trabalho como ajuda profissional, como ele define, é dividido entre as suas conferências de ensino terapêutico, que emite vários anos viajando pelo mundo, e da divulgação de seus livros em ferramentas terapêuticas do autor.

Amante é "alguém!" ou "algo" que nos faz "namorar a vida" e nos afasta do triste destino de "ir levando"!...
Quem é o seu amante?
Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não têm, e as que tinham e perderam.
Geralmente, são essas últimas que vêm ao meu consultório, para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão", além da inevitável receita do antidepressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que não precisam de nenhum antidepressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.
Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?!
Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.

Para aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte:
"AMANTE é aquilo que nos apaixona; é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono; é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso "AMANTE " é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso "AMANTE" em nosso parceiro.
Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto.

Enfim, é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar a vida" e nos afasta do triste destino de ir levando.
E o que é "ir levando"?
Ir levando é ter medo de viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.
Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.
Por favor, não se contente com "ir levando" Seja também um amante e um protagonista DA SUA VIDA!

Acredite:
O trágico não é morrer; afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém...
O trágico é desistir de viver!

Por isso, e sem mais delongas, procure algo para amar.
A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:

PARA ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO NAMORAR A VIDA.